terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Amor

"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo,
amor pra valer, só acontece uma vez,
geralmente antes dos 30 anos.

Não contaram pra nós que amor não é acionado,
nem chega com hora marcada

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é
a metade de uma laranja,
e que a vida só ganha sentido
quando encontramos a outra metade.

Não contaram que já nascemos inteiros,
que ninguém em nossa vida merece carregar
nas costas a responsabilidade de completar o
que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo.
Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula
chamada "dois em um", duas pessoas
pensando igual, agindo igual, que era
isso que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome: anulação.
Que só sendo indivíduos com personalidade
própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é
obrigatório e que desejos fora de hora devem ser
reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos e
magros são mais amados, que os
que transam pouco são caretas, que os que
transam muito não são confiáveis,
e que sempre haverá um chinelo velho
para um pé torto.

Só não disseram que
existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma
fórmula de ser feliz, a mesma para
todos, e os que escapam dela estão
condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado,
frustram as pessoas, são alienantes,
e que podemos tentar outras alternativas.


Ah, também não contaram que ninguém vai
contar isso tudo pra gente.
Cada um vai ter que descobrir sozinho.

E aí, quando você estiver muito
apaixonado por você mesmo, vai poder ser
muito feliz e se apaixonar por alguém."



(John Lennon)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz 2010!


Todo final de ano a televisão brasileira, e acredito que mundial, exibe a retrospectiva do ano que está chegando ao fim. O resultado final é sempre de muita emoção e sensação de que aquele ano que termina foi o melhor de todos. Até é legal pensarmos assim, mas não devemos esquecer de que apenas há alguns dias teremos nova chance de recomeço.

O ano de 2009 está sendo um dos mais importantes, realmente, da minha jovem vida. Muitas coisas importantes e decisivas aconteceram: conclui o ano com a certeza de que nunca mais serei uma fumante (hoje faz um ano que parei de fumar); morei sozinha durante todos os 365 dias; vivi (ainda vivo) a Mimi, numa novela que me deixa muito orgulhosa em fazer parte; Xexéo incluiu um parágrafo meu em uma das suas crônicas semanais (!!!); me aproximei muito mais dos meus irmãos com a conquista da nossa empresa de vídeo, Visconde Produções; atuei em um curta metragem (acho que virou média metragem) que me deixou muito orgulhosa chamado “Tulipa”; fiz novos e queridos amigos; fui muito ao cinema, teatro e shows; encontrei o Budismo na minha vida, que me deixou mais calma, segura de mim e determinada a ser feliz do jeito que tiver que ser; inclui o exercício matinal na minha rotina, o que me deixou mais jovem, enérgica e feliz.

O que posso querer mais pro ano que vem? Posso querer mais, muito mais. A vida é feita de sonhos e nada como eles para nos dar gás pra fazermos das nossas vidas, vidas melhores.

Por isso desejo muitas felicidades pra você! Continue comigo aqui, “me lendo”, me incentivando a ser cada vez mais uma pessoa melhor.

Um lindo natal e um INCRÍVEL 2010!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sophie


Uma mulher leva um fora do namorado de forma inusitada: via e-mail. Até aí pensa-se ser ficção, mas não. A ficção vem depois.

Quando se leva um fora de alguém amado, a dor é algo absurdo. Chega a nos transformar em feras selvagens. Damos patadas, babamos, rosnamos... Mas a mulher citada acima, Sophie, reagiu de forma diferente. Transformou a dor da perda em arte.
Sophie enviou a carta (e-mail) para 107 mulheres do mundo todo, de raças, culturas e crenças distintas, pedindo que transformassem aquela carta no que elas quisessem da maneira que lhes fosse vista. E assim o fizeram.

O resultado é brilhante.

A carta é interpretada de várias maneiras, mas a que mais me identifiquei foram os vídeos. Eram vários. Uma câmera parada apontando para a “artista” intérprete. Umas interpretavam como se fossem a própria Sophie, outros criticavam usando nariz de palhaço, outras cantavam, outras dançavam sem dizer uma palavra, fazendo aquela carta criar forma física, sendo mais fácil digeri-la e entendê-la, com imagens. Até uma "papagaio" teve a oportunidade de criar sua visão do amor: comeu a carta após repetir uma frase de dor e despedida.

A exposição me tocou muito. Imagino que seja por ter vivido algo parecido com o que Sophie viveu. Eu agi de forma bem diferente: fui embora sem olhar pra trás. Já Sophie não. Olhou pra todos os lados e pediu pra que todos a olhassem. Não sei qual a melhor maneira de agir num caso desses, mas sei que a melhor maneira de agir é seguindo em frente. Assim Sophie fez, assim eu fiz.

Siga em frente a vá admirar a exposição de Sophie. Está no MAM-RJ até Janeiro de 2010!


Palavras de Sophie:

“Recebi uma carta de rompimento. E não soube respondê-la. Era como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as seguintes palavras: “Cuide de você”. Levei essa recomendação ao pé da letra. Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta do ponto de vista profissional. Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar. Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim.”

Sophie Calle

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vergonha do prefeito


Uma vergonha esse prefeito almofadinha.

Com a criação do choque de ordem o Rio ficou mais triste. O carioca nascido e criado ou até os que não são nascidos, mas se tornaram cariocas pelo amor e carinho à cidade, estão de saco cheio desse tal de choque de ordem. Virou um choque militar em área não militar!

Aonde já se viu ser proibido água de côco na praia? Ou brinquedos pras crianças? Ou ainda: taxa de luz abusiva quando a falha na luz não é culpa dos pagantes, mas esses que se virem e se calem pra pagar mais um taxa. Pensei que fosse parar por aí mas vejo que a imaginação do pateta (nome carinhoso criado para apelidar nosso prefeito), é enorme e não para. Criou a chocante ordem de que o monopólio voltou e agora os comerciantes da praia só podem comprar mercadorias com o fornecedor "Orla Rio", o mesmo que vende para os quiosques da praia. Suspeito, não?! Resultado: a prefeitura ganha dos dois lados e nós pagaremos em dobro. É...isso tudo pra que? Se fosse pra melhorar, tudo bem, mas não. Assim só deixam de incentivar os trabalhadores a trabalhar dentro da lei, e a nós, contribuintes, a desacreditar (mais uma vez) na política nacional.

Com tudo isso espero agora que o carioca pense duas vezes antes de anular seu voto ou antes de decidir viajar em dia de eleição. Viaje, mas volte mais cedo. E pense antes de apertar a tecla verde, senão pode ser que o verde seja em tom de merda. Aí já viu, né? Ou melhor: tá vendo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Amor Barato

Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Modesto

Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto

Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto

Vem cá, meu amor
Aguenta o teu cantador
Me esquenta porque o cobertor é curto

Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha

Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor

Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha

Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Barato

Um tipo de amor
Que é de esfarrapar e cerzir
Que é de comer e cuspir
No prato

Mas levo esse amor
Com zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha

Que, enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor

Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha


Chico Buarque.

domingo, 29 de novembro de 2009

Cara a tapa

Quando entrei pra TV tinha uma breve noção do que poderia virar a minha vida quanto ao tema exposição, que sempre foi a questão que mais me afligiu, mas não temi e encarei.

Ainda não sou um nome tão citado, por mais que esteja no horário nobre de uma grande emissora. Ainda engatinho quando falam de ”fama”. E não pretendo me levantar tão cedo se pra isso precisar abrir minha vida íntima. Não é esse o resultado que busco depois tantos anos de estudo e investimento em arte. O que busco é poder criar, me transformar, expor minhas idéias e pensamentos, não minha vida particular. Acredito que tenho muito mais a acrescentar falando de outros temas que não da minha vida íntima. Já falei isso aqui uma vez, mas agora o tema cabe voltar à tona:

Fui convidada por um profissional que gosto muito, Pedro Garrido, pra fazer uma sessão de fotos mais “ousadas” do que o normal, pra mim. Eram fotos sensuais aonde nenhuma parte íntima seria exposta. Nunca sonhei em posar nua e não pretendo posar. Nada contra. Nada mesmo, mas não me vejo numa revista nua.

Não sei se por vaidade ou por ser uma revista que gosto muito e que me ajudaria a divulgar a minha imagem, resolvi topar e fiz a tal sessão. Encarnei um personagem que era uma mulher corajosa e decidida com a sua sensualidade. Não que eu não seja, mas não encaro uma lente de câmera fotográfica com aquela atitude e com tanta facilidade, a não se “protegida” pela minha personagem.

Enviei também uma breve redação sobre a minha trajetória profissional e alguns percalços do caminho.

O resultado da matéria foi belo e digno. Após ler e olhar cada detalhe da matéria, me senti mais madura como mulher. Foi um longo passo dado por mim, uma mulher que se sente ainda muito menina quando o tema é sensualidade. E uma menina que se sente muito mulher quando cita a trajetória de vitórias nessa profissão tão concorrida.

Por isso a importância dessa matéria. Foi algo além do objetivo que havia imaginado.

Só senti a visão deturpada com uma coisa: não sou uma pessoa de reclamar da vida. Não me acho e não me sinto uma pessoa infeliz. Muito pelo contrário! Olho a vida com um olhar muito positivo, por pior que ela possa estar, e acredito que o incômodo, qualquer ele que seja, nos movimenta a mudar o rumo das coisas. Então quando cito que passei “perrengue” com falta de grana, quis incentivar aos que estão passando pelo que eu passei ou que estão passando pelo sofrimento que seja, passem a olhar pra frente e seguir acreditando que a vitória virá, basta não desistir, e acreditar. Eu acreditei e continuo acreditando.

Agora o novo passo é não deixar que opiniões machistas e/ou sem fundamentos altere a minha vontade em continuar seguindo o caminho da arte. Esse sonho é meu, e é nele que acredito.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

“Rio de Janeiro demorô é agora”

Sou uma leitora diária de jornal, por essa razão sou assinante. O primeiro e quase único caderno que leio fala sobre arte. Seja teatro, TV, cinema, exposições. Assino por essa razão, mas hoje quase desisti da fidelidade. Pode ser pela minha idade, esta que já permite ver a vida nua e crua. Já não creio nos Lulas que votei. Infelizmente. Mas na arte acredito, toda orgulhosa, acredito!

Mas me deparei com uma matéria sobre o Rio de Janeiro, a cidade mais em alta do momento: a cidade eleita aonde as pessoas são as mais felizes, a cidade ponto turístico do público gay, a Cidade Olímpica, a Cidade Maravilhosa: Rio de Janeiro.

Falava de pontos turísticos que amo, como Parque Lage, Pedra da Gávea, Odeon, mas citava uma atitude nada carioca, a meu ver de carioca orgulhosa que sou. Era um anúncio de aluguel de espaço na areia da praia. Como assim??? A praia é o lugar mais democrático já existente. Vê-se, ouve-se, aprecia-se, vive-se, divide-se, tudo que há de mais valioso na vida: a vida, as culturas, as diferenças, o espaço. Então, como assim “aluga-se um lugar na praia??”. Nem nos resorts mais caros do mundo a praia é privada! É PROIBIDO, entende? É um lugar comum. De todos. É um privilégio enorme podermos praticar a liberdade.

O tema “alugue seu espaço na praia” me deixou envergonhada. Sou uma carioca, com orgulho, e sei que os cariocas têm prazer em receber pessoas, seja no boteco ou na praia. A gente tem orgulho da nossa cidade e de repente ler algo tão antipático quanto a liminação de um espaço a ser, ou não, usado. Muito anti-carioca pra minha visão tão carioca. Uma pena ser um jornal tão lido. Uma pena ter sido no meu jornal predileto.