segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bruce Gomlevsky´é Renato Russo, pelo menos em cena.



Na sexta passada fui assistir à peça do Bruce, convidada pela minha amiga querida, Sylvia Morgado. Little, pra mim.

O texto é da Daniela Pereira de Carvalho. Daniela estudou comigo na CAL no meu início de profissionalizante. Éramos amigas. Ela sempre foi diferente da turma, de grande maioria jovens bem jovens, ela também era jovem, aliás, é, mas já tinha algo de muito maduro nela. Já escrevia e ouvia muito bem as aulas, mas nunca foi muito de se arriscar nas cenas, apesar de intensa quando nelas estava. Eu gostava. Normalmente os gênios são calados, mais observadores. Assim era Daniela.

Anos depois fui esbarrar com ela no Plebeu. Um bar que era mais boteco do que bar; hoje em dia nem tanto; onde freqüentam muitos atores e afins. Aliás, lá tem "de um tudo". Adoro. E lá muitas vezes esbarrava com Daniela. O Plebeu sempre foi uma espécie de escritório pra mim e meus irmãos. Anos depois li uma entrevista da Daniela dizendo que lá aconteceram muitas reuniões das montagens. Cerveja é bom pra pensar. Pelo menos nós achamos.

Voltando ao Renato:

A peça realmente é digna de prêmio, até Shell ganhou. Pra mim tinha que ser muito mais. É difícil descrever aqui, mas tentarei.

A direção é do Mauro Mendonça Filho. O texto e peça andam juntos. É perceptível a sintonia dessa parceria Daniela+Mauro. A história de Renato Russo é contada de forma real, com mudanças perfeitas de tempo, local, música. A trilha é fantasticamente executada por uma banda de músicos perfeitos e interpretações vividas com verdade. Até o contra-regra é ótimo! Ele é um personagem a parte pra nós, platéia. E a figura grande, cabelo rock and roll, tudo a ver com à personalidade enlouquecida de Renato, o Russo. Fiquei até mais fã do Renato. Do Bruce, então..

O Bruce estudou na mesma época que eu na CAL. Essa mesma CAL que Daniela estudou comigo. Mas acredito não ter sido nessa época que os dois tenham se conhecido. Ele era um ano à mais que nós nos REGs (nome que se usa na CAL pra definir o período). Sempre foi destaque na escola. Já era um atorzaço. Me lembro bem de uma montagem dele nos jardins da CAL, de "Ubú Rei", se não me engano. Era ótimo! Ali, pra mim, recém aluna, já estava claro o talento dele. Realmente bom no que faz. Era de todos comentarem, de se tornar exemplo pra nós, mais novos e menos experientes. Mesmo os experientes!

Por isso digo e repito:

Aproveitem que voltou para o Rio essa montagem maravilhosa! Teremos mais uma chance de viver Renato Russo!






Teatro João Caetano (Praça Tiradentes, s/n – Centro/RJ).

Tel: 21 2299 2141 / 2142

Horários: 6ª e sábado às 19h30; e domingo às 18h30

Duração: 120 minutos

Temporada: até 19 de outubro

Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00

Lotação: 1.222 espectadores

Classificação: 14 anos

Ficha Técnica

Idealização, Interpretação e Pesquisa: Bruce Gomlevsky

Dramaturgia e Pesquisa: Daniela Pereira de Carvalho

Colaboração na Dramaturgia: Mauro Mendonça Filho e Bruce Gomlevsky

Direção Geral: Mauro Mendonça Filho

Direção Musical: Marcelo Neves

Iluminação: Wagner Pinto

Cenógrafo: Bel Lobo e Bob Neri

Figurino: Jeane Figueiredo

Direção de Produção: Julia Carrera, Bruce Gomlevsky

Efeito João Gilberto


Ontem realizei um dos sonhos da minha vida: fui ao show do João Gilberto.

Já vinha tentando conseguir um convite para o show há tempos, pois sabia que comprar um ingresso seria quase impossível. Em São Paulo a bilheteria ficou aberta por 40 min, tempo suficiente para esgotar todos os ingressos. Aqui então...Municipal, João Gilberto..

Quando me vem meu primo Joãozinho, Português, habitante temporário do Rio de Janeiro, mas mais carioca de todos os cariocas que já conheci e me pergunta se quero acompanhá-lo no show. Nem acreditei. Passei a semana ligando pra ele: "E aí, tudo certo pro dia 24?". Tava feliz demais pra acreditar que iria realizar esse sonho. Quase tão grande quanto assistir Chico, mas em proporções menores, afinal, Chico..é Chico. Amo desde pequenina.

Até que chegou o dia. Passei a tarde quicando. Depois de um agradável dia, partimos para Municipal do Rio de Janeiro. O local estava repleto de fãs, amigos, pessoas a fim de aparecer, penetras, artistas, anônimos, gente bonita, gente feia, gente de bermuda, e claro, barrados. Gente, não pode ir ao Municipal de bermuda! Como a pessoa sai de bermuda para ir ao Municipal assistir João Gilberto?! Tudo bem que moramos num país tropical e tal, mas Municipal pede uma calça, mesmo a jeans velha e suja, mas pede.

Nosso lugar não era o melhor, mas dava pra ver direitinho o banquinho que João Gilberto iria sentar para nos presentear com lindas composições. Quase uma hora de atraso e eis que surge ele. Mal entrou no palco carregando seu violão, quando foi aplaudido com tanta força por um público saudoso e carente de romantismo. A impressão é que estávamos todos com muitas saudades dele. Eu estava.

O show foi lindo, apesar do som estar realmente muito baixo. A luz era simples, e se repetia, meio aleatório, eu tive essa impressão. O repertório, aquele que já conhecemos, mas que na voz do João Gilberto, ao vivo no Municipal, ficam novas e inéditas. O público parecia estar hipnotizado. E o mais incrível: o Municipal ficou em silêncio durante quase uma hora e meia para ouví-lo. Mesmo nas composições mais conhecidas, era claro o respeito e a vontade do público em ouví-lo. O silêncio só era interrompido para entrar os aplausos, muito calorozos e apaixonados.

A parte mais emocionante foi na música "Chega de Saudade". O público sussurrava a letra. Até João Giberto se emocionou e pediu para o público um bis. Aquilo deve ter sido inédito na vida dele, pelo menos na minha foi. Cantamos novamente sussurrando, agora só nós e o violão de Giba. A coisa mais linda do mundo.

O show foi tão maravilhoso que ouvimos da voz do próprio João Gilberto a seguinte frase: "Não quero mais ir embora daqui". E cantou, cantou, cantou. Acho que foi o bis mais longo da vida de um cantor.

Obrigada João Campilho e Gilberto!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Marília Pêra em "Cartas a uma jovem atriz"






Ganhei o livro da Marília Pêra de um amigo ator também, que gosto demais, o Eri Johnson. Logo que recebi o livro já tinha certeza que seria de grande ajuda na minha formação de atriz, mas não imaginava o quanto me ajudaria na vida, independente da minha carreira.

No livro, Marília conta como funciona o "back stage" no teatro, cinema e TV. Apesar deu já ter vivido nos três, só que agora, na visão de uma atriz brilhante e de anos de estrada.

Me identifiquei demais com as inseguranças delas, apesar de não entender como pode, uma atriz como ela, ser insegura com questões nunca imaginaveis, como a troca com um diretor, como lidar com a juventude de novos atores, que muitas vezes nem atores são. Enfim, dá uma lição de vida que poucas pessoas são capazes de dar.

Aí você deve estar se perguntando: "Por que a Julia, pessoa bacana, cisma em falar como seu eu fosse ator(triz) também?". Aí é que está: esse livro é pra todos. Nele ela fala de preparação para a vida. Como se manter sempre bem, sempre disposta. Como tratar com dignidade e respeito os colegas de trabalho. Coisa rara hoje em dia. Isso tudo independe mesmo da profissão em que está atuando. Por isso a importância desse livro na vida de todos.

Eu indico! Livro pra ficar na mesinha de cabeceira, e de preferência, ser emprestado, com tanto que te devolvam. Claro!

Leiam: Cartas a uma jovem atriz.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O que me faz sentir viva?


Estava eu hoje pensando num tema para meu próximo texto do blog, quando recebo um texto sobre a arte de se sentir viva. Adorei. Parei pra refletir e vi quantas coisas me fazem sentir viva.

Para me sentir viva poucas coisas preciso, graças a um humor que imagino ter herdado dos meus pais, pessoas de humor diferente entre eles, e peculiar entre muitos.

A arte de se sentir viva começa no momento em que acordamos para mais um novo dia. Tem dias de tempo chuvoso, tem dias de grana curta, tem dias de noites frustantes, que para se sentir viva pede um som. Música sempre faz bem, mesmo as de gosto duvidoso. Outro truque é olhar para o espelho e sorrir, mesmo que esteja com aquela cara de noite ressaquenta ou cara de quem acordou, simplesmente. Engane seu cérebro fazendo com que "entenda" que está tudo ótimo e sorria para seu espelho, sorria pra você. Se aceitar te faz sentir vivo.

Para me sentir viva sinto a necessidade de produzir. Fazer algo por aguém, por mim, principalmente. Como cumprir com os compromissos de/para nós mesmos, que normalmente não priorizamos. Desde ligar para um parente ou amigo que está distante, como limpar sua caixa de e-mail, visitar aquele espaço que abriu perto da sua casa há 2 anos, que nunca "tem tempo de visitar". Pequenas coisas que sempre deixamos pra depois e nunca faremos, senão agora. Afinal, nem nós sabemos até aonde vai o "depois" que tanto prometemos.

Para me sentir viva preciso de paixão. Preciso sentir meu coração disparar sem estar a espera disso. Não necessariamente a paixão tem que vir em forma de gente, pode ser em forma de peça, filme, um lindo lugar. O que não pode é vir é sem emoção. A vida pede emoção.

Para me sentir viva preciso parar e me ouvir. Me conhecer por dentro. Gosto de conhecer minhas falhas, por mais difícil que seja assumir e admitir meus defeitos, isso me faz sentir viva.

Para me sentir viva preciso estar perto de pessoas que admiro. Mesmo que estejamos calados. Só a sensação de estar perto, já me faz sentir viva. E isso é bom demais. A simplicidade me faz sentir viva. Me faz sentir e ter a certeza que pra me sentir viva, basta estar viva para mim mesma.

Leitura da rOdA GiGAnTe!


Haverá na quinta dessa semana, dia 14, no Café Cultural em Botafogo, a leitura da peça RODA GIGANTE, do autor Felipe Sabugosa. De graça!

Rua São Clemente 409 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Telefone : (0xx21) 2286-2648 / Tel./fax : (0xx21) 2526-2666

rOdA gIgaNte

Uma estória de um amor improvável entre duas pessoas bem diferentes.
Jonas conhece Ana Beatriz na sala de espera de um consultório de ginecologia. O fruto deste encontro constrangedor é uma noitada onde duas pessoas de perfis opostos descobrem uma vontade única: prolongar a noite que pode mudar as suas vidas.

Ficha técnica:

Texto: Felipe Sabugosa
Direção: Anderson Cunha
Atores: Julia Sabugosa e Zé Guilherme

Vai lá que vai ser bom demais! Diversão garantida!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ensina-me a Viver


Na última quinta – feira tive uma das noites mais maravilhosas da minha vida. Fui assistir a uma peça chamada “Ensina-me a Viver”. Já imaginava que a montagem seria genial, afinal a direção foi assinada pelo João Falcão, diretor pernambucano dos mais criativos e de bom gosto que já existiu. Que bom, ainda por cima Brasileiro. No elenco, Arlindo Lopes, Glória Menezes, Fernanda Freitas, Augusto Madeira, Verônica Valentin e outros excelentes atores. Por tanto já sabia que seria fantástico, no mínimo. Mas, por incrível que pareça foi mais surpreendente que se podia imaginar.

Minha paixão por essa história começou há alguns anos atrás, quando assisti a esse filme no Telecine Cult. Me apaixonei. Me lembro que não tinha conseguido assistir o início da história, mas já me prendeu no primeiro minuto. O elenco era perfeito. A caracterização, o clima das cenas, a história tão complexa e ao mesmo tempo leve de se ver. Um filme que me tocou demais, daqueles de se ter em casa.

Além de ótimos motivos para ter essa peça marcada pra sempre na minha vida, essa montagem teatral me tocou demais por ter sido realizada por um ator que acompanhei na minha trajetória de vida. Um ator que tem carisma, talento, dedicação pela profissão, maturidade além da sua idade, além de ser um cara mais que merecedor de todo sucesso que está colhendo. Estudei com Arlindo Lopes na CAL, há alguns bons anos atrás, dez, onze. Naquela época Arlindo, na época, Júnior, já se destacava pelo talento e pelo humor. Ele tinha já um humor diferente em cena. Tinha uma inocência, mas uma força enorme. Desde lá o diretor da CAL já investia no Arlindo. Exigia mais dele que da maioria dos alunos. E ele sempre enfrentava e alcançava. Menino guerreiro. Na época ele tinha uns 18 anos, vinha diariamente do bairro da Penha, onde morava com os pais. Entrávamos as 8:15h na aula, em Laranjeiras. Pra quem não conhece o Rio de Janeiro, é uma boa distância entre os bairros, além de ser um bairro perigoso de ser viver. Ele passava o dia na CAL estudando. Um exemplo de aluno.

Com toda essa força de vontade não poderia ter sido diferente o que está acontecendo agora na vida de Arlindo. Depois de quatro anos batalhando pra conseguir montar a peça, depois de muito trabalho, conseguiu realizar essa montagem excepcional, brilhante. Não deixe de assistir a essa peça. Vai transformar a visão que você tem da vida. E posso te garantir que é pra melhor.


Teatro Leblon

Sala Marília Pêra

Horário: Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. Até 26 de outubro

Ingresso: R$ 60,00 a R$ 80,00