quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A derrota de Paes

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.

Como vitória política, já é um resultado extremamente questionável; mas do ponto de vista pessoal, é uma derrota acachapante.

Eduardo Paes levou a prefeitura, sim, mas de contrapeso ficou com uma quadrilha de aliados que não deixa nada a dever àquela que ele acusava o presidente Lula de comandar.

Vai ser prefeito, sim, mas vai ter de arranjar boquinhas para o Crivella, para o Lupi, para o Piciani, para a Clarissa Garotinho, para o Roberto Jefferson, para a Carminha Jerominho, para o Babu, para o Dornelles, para a Jandira... estou esquecendo alguém?

Conquistou um cargo, é verdade, mas conquistou também o desprezo mais profundo de metade do eleitorado.

Em compensação, como carioca, perdeu a chance de viver um momento histórico, em que a prefeitura seria, afinal, ocupada por um homem de bem, com idéias novas e um novo jeito de fazer política; perdeu a chance de ver o Rio de Janeiro sair do limbo a que foi condenado nas últimas décadas, e ganhar projeção pela singularidade da sua administração.

Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seria obrigado a prestar atenção.

Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante 'Liberou geral!'

Nojo, nojo, nojo.

Cora Rónai

domingo, 26 de outubro de 2008

O que aconteceu com o eleitorado carioca?

Infelizmente uma das nossas últimas chances de voltarmos a viver numa "Cidade Maravilhosa", foi perdida. Gabeira não ganhou. Triste, decepcionante, apavorante. Deu até falta de ar.

Vamos ver o que nos aguarda. Torço para que tenha sido uma opção boa.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Por que os cães não vivem tanto quanto as pessoas?

(Recebi esse texto da Natinha, a mesma do texto PESTINHA. Achei uma lição de vida e postei aqui. Espero que sinta com ele o mesmo que senti)

Um belo relato...
Sou veterinário, e fui chamado para examinar um cão da raça Wolfhound Irlandês chamado Belker. Os proprietários do animal, Ron, sua esposa Lisa, e seu garotinho Shane, eram todos muito ligados a Belker e esperavam por um milagre. Examinei Belker e descobri que ele estava morrendo de câncer. Eu disse à família que não haveria milagres no caso de Belker, e me ofereci para proceder a eutanásia para o velho cão em sua casa. Enquanto fazíamos os arranjos, Ron e Lisa me contaram que estavam pensando se não seria bom deixar que Shane, de quatro anos de idade, observasse o procedimento. Eles achavam que Shane poderia aprender algo da experiência. No dia seguinte, eu senti o familiar "aperto na garganta" enquanto a família de Belker o rodeava. Shane, o menino, parecia tão calmo, acariciando o velho cão pela última vez, que eu imaginei se ele entendia o que estava se passando. Dentro de poucos minutos, Belker foi-se, pacificamente. O garotinho parecia aceitar a transição de Belker sem dificuldade ou confusão. Nós nos sentamos juntos um pouco após a morte de Belker pensando alto sobre o triste fato da vida dos animais serem mais curtas que as dos seres humanos. Shane, que escutava silenciosamente, saltou: "Eu sei porque." Abismados, nós nos voltamos para ele. O que saiu de sua boca me assombrou. Eu nunca ouvira uma explicação mais reconfortante. Ele disse:

- "As pessoas nascem para que possam aprender a ter uma boa vida, como amar todo mundo todo o tempo e ser bom, certo?" o garoto de quatro anos continuou...
- "Bem, cães já nascem sabendo como fazer isto, portanto não precisam ficar por tanto tempo."

- Os Seres Humanos têm muuuuito que aprender com eles!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Decepção

Fui criada numa família onde o normal era não falar dos sentimentos, dos acontecimentos. Nunca havia detectado essa característica como uma coisa negativa pra mim, por mais que sentisse vontade de contar os acontecimentos pras pessoas mais próximas, nunca quis muito "ocupar" o tempo delas com histórias, de repente, não tão significantes. Mas com o passar dos anos, além de ter crescido a vontade de dividir minhas conquistas e derrotas, comecei a perceber o quão interessantes e significantes, sim, elas eram. Isso aconteceu no final da minha adolescência. Acho que nessa fase da vida a gente fica mais aberta pra questões mais íntimas e passa a se ouvir e ouvir mais.

Nessa mesma fase conheci as meninas, as mesmas do texto AMIGAS. Essas mesmas amigas me exigiam verbalizar minhas aventuras. Comecei a gostar da troca. Por mais que fosse difícil ser julgada, muitas vezes. Mas sentia prazer em enxergar nos olhos delas as minhas vibrações. Eu me via nos olhos delas.

Durante esses anos todos (muitos) fui convivendo com a minha vigia interna. Me policiava em fazer as pessoas participarem da minha vida. Algumas histórias, muitas delas, só eu sei. Mas isso acho que é questão mais profunda, e me faz bem poder ter coisas só minhas. Nada demais, nenhum caso de polícia, mas são minhas.

Agora, uma mulher, cheia de histórias de vida, posso dizer o quanto essa mudança de atitude no início da minha juventude me ajudou a passar por acontecimentos difíceis na vida. Com certeza todos eles tem um “porque” que não devemos contrariar, mas podemos e devemos questionar, isso nos ajuda a absorver e entendê-los.

Agora vejo a força enorme que ganhei com a vida. Que nem uma das maiores decepções, conseguiu, de fato, me deixar no chão. Acredito que essas rasteiras da vida sejam para nos fortalecer e para aprendermos a olhá-las de um ângulo positivo. Sempre há um, e é nele que temos que nos apegar. Assim a tormenta passa e você não se machuca, pois está olhando pra frente, e não pra trás.