quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Vida de Artista




"Os artistas são as pessoas mais motivadas e corajosas sobre a face da terra. Lidam com mais rejeição num ano do que a maioria das pessoas encara durante toda uma vida.

Todos os dias, artistas enfrentam o desafio financeiro de viver um estilo de vida independente, o desrespeito de pessoas que acham que eles deviam ter um emprego a sério e o seu próprio medo de nunca mais ter trabalho.

Todos os dias, têm de ignorar a possibilidade de que a visão à qual têm dedicado suas vidas seja apenas um sonho. Com cada obra ou papel, empurram os seus limites, emocionais e físicos, arriscando a crítica e o julgamento, muitos deles a ver outras pessoas da sua idade a alcançar os marcos previsíveis da vida normal - o carro, a família, a casa, o pé-de-meia. Por quê? Porque os artistas estão dispostos a dar a sua vida inteira por um momento - para que aquele verso, aquele riso, aquele gesto, agite a alma do público.

Artistas são seres que provaram o néctar da vida naquele momento de cristal quando derramaram o seu espírito criativo e tocaram no coração do outro. Nesse instante, eles estão mais próximos da magia, de Deus e da perfeição do que qualquer um poderia estar. E nos seus corações, sabem que dedicar-se a esse momento vale mil vidas "




David Ackert

domingo, 27 de maio de 2012

Receita de viver, por Carlinhos Oliveira



"Para viver bem é preciso chegar aos 30 anos com a satisfação de se ter permitido todas as loucuras imagináveis na juventude. E só freqüentar os amigos que suportam os nossos defeitos.

Recomenda-se também uma boa gargalhada, à sós, no momento de se erguer da cama: “Quanta bobagem tenho feito neste mundo! Quá, quá, quá!” A serenidade imperturbável conduz ao fanatismo, e este dá câncer.

Nenhuma preocupação burguesa ou pequeno-burguesa, como por exemplo o medo de perder o emprego ou os bens; nenhuma ambição material, fora as indispensáveis (casa, comida, roupa lavada), ou então que seja gratuita: juntar dinheiro para algum dia comprar um iate ou passar dois anos zanzando pela Europa.

Nunca ferir uma mulher a ponto de fazer-se odiado por ela. O homem inteligente é o que sabe transformar antigos amores em sólidas amizades.

Estar sempre em condições morais de perder tudo e começar tudo outra vez. Interessar-se por tudo, principalmente por aquilo que não nos diz respeito. Amar apenas uma mulher de cada vez. Dizer sempre a verdade, seja qual for e doa a quem doer. Conhecer um por um os nossos defeitos, curar-se dos que não são naturais e cultivar aqueles que mais nos agradam.

Evitar ao máximo o paletó e a gravata, os chatos que falam no ouvido, as mulheres que resolvem tudo pelo telefone, os bêbados que mudam de personalidade quando lúcidos, os vizinhos muito prestativos e todo papo do qual participem mais de três pessoas.

Longa caminhada solitária pelo menos uma vez por semana. Não discutir preços — é melhor ir embora sem comprar. Não guardar ódios a ninguém. Dormir oito horas e, acordando, continuar na cama enquanto puder. Recusar-se terminantemente a beber uísque que não seja escocês legítimo, preferindo a cachaça como alternativa. (Isto vale apenas para quem gosta de beber e bebe freqüentemente, como é o caso do autor dessa receita. Neste caso, a aceitação de qualquer bebida é moralmente inquietante, pois atravessa a fronteira que separa o prazer do vício.)

Ser condescendente com o comportamento sexual dos outros. Tentar compreender cada pessoa, evitando julgá-la. Saber exatamente o momento em que os amigos gostariam de estar sós. Ter caráter bastante para reconhecer as qualidades positivas de um eventual inimigo. Treinar, como quem faz ginástica, para ser sinceramente modesto. Saber contar com irreverência histórias em que faz papel de bobo, e que tenham acontecido realmente.

Viver tão intensamente que possa dizer à morte, quando vier: “Já veio tarde.”"

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Indico, feliz e apaixonada.






Estava bem curiosa. Adoro tema Jung e Freud.


Acabei de assistir o último filme do David Cronenberg. Filmaço! Se chama "Método Perigoso" e está em cartaz
no Brasil e no mundo. Não é o primeiro nas bilheterias. Acredito que seja porque o mundo não está muito a fim de refletir sobre nós mesmos, seres humanos, ou porque nem pensamos sobre isso. Porque posso afirmar que as atuações, roteiro, música, fotografia, cenografia, figurino e direção, são bem caprichados. Então só posso constatar que o tema seja "intelectualizado demais" pra ser recordista de bilheteria. Entendo e não recrimino. Mas não é por isso que deixaria de indicar.


O filme fala de uma relação real sobre dois grandes mestres da psicanálise mundial, Freud e Jung. Nele aborda o fato de que toda e qualquer relação com conflito existente, tem referência com nossa infância reprimida sexualmente ou com nossas relações sexuais. Ou com as relações sexuais ainda não existentes. Mas que o sexo está sempre presente, está. Mesmo que inconscientemente. Mesmo, não.


Assisti o filme sozinha. Como gosto de fazer. O filme me tocou porque fala abertamente de um tema muito difícil de ser lidado: sexo. Por mais liberal ou amante do sexo que sejamos, sempre há uma certa "trava". Ou trava, mesmo. Sem aspas. Se nasce uma menina, a questão é: "não vai namorar antes dos 15". Se nasce um menino é: "já tem quinze anos e ainda é virgem?". A questão sempre é presente. Indepentende da raça e religião. Dois filhos de sexo oposto nunca serão criados da mesma maneira quando o tema é sexo. Não pelas suas personalidades, mas pelo seu sexo. Fato. Os meninos crescem tendo que aprender a "segurar" o gozo e as meninas crescem tendo que reaprender (porque está na natureza do ser vivo) a gozar.


O filme é um romance lindo. Que me tocou muito. O texto final diz: "As vezes as pessoas tem que fazer algo imperdoável.. só pra poder continuar vivendo".


Indico, feliz e apaixonada.


















segunda-feira, 19 de março de 2012

Pra que serve uma relação?


"Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil.



Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido.

Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração. Uma armadilha.
Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.

Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada uma pessoa bonita a seu modo.

Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.

Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair.

Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.


Obs.: Olha, tenho a sorte de ter uma relação assim."

Drauzio Varela

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Baleia ou Sereia




A academia Runner criou um outdoor que perguntava o seguinte:

"Neste verão, você... quer ser sereia ou baleia?";

Uma mulher enviou a sua resposta, distribuindo o seguinte e-mail por aí:

“ Ontem, vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase: “Neste verão, qual você quer ser?”
Sereia ou Baleia?
Respondo:
Baleias estão sempre cercadas de amigos.
Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos. Baleias amamentam.
Baleias nadam por aí, cortando os mares e conhecendo lugares legais como as banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão à beça.
Baleias esguicham água e brincam muito.
Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados. Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais.
Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.
Sereias não existem. Se existissem viveriam em crise existencial: “Sou um peixe ou um ser humano?”
Sereias não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza. São lindas, porém tristes e sempre solitárias...
Runner, querida, prefiro ser baleia!"

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Palavras sábias de um sábio artista.

"Andando há mais de 40 anos por este país, catando dinheiro para levar pra casa, eu aprendi a acreditar. Acreditar na terra, no homem, na chuva, na benção, na semente, no fruto, no coração, na mente… na inteligência. Aprendi com o meu povo que quando uma coisa está muito séria, o melhor que se faz é brincar com ela.

E naquelas tardes terríveis, sozinho num quarto de hotel esperando a hora do show, eu comecei a desenhar o país dos meus sonhos. Um país onde cada lavrador tenha um par de bois para puxar seu arado e que de tarde, ao voltar para casa, encontre um par de filhos o esperando e à noite, quando for dormir, tenha um par de pernas para amar. No país dos meus sonhos, todo pobre vai comer, todo hospital terá remédios, todo aluno terá colégio, todo professor ganhará um salário decente e todo policial apenas prenderá os bandidos, em vez de os ajudar a matar e a roubar. No país dos meus sonhos todo cego vai ver, todo surdo vai ouvir e todo mudo vai ver e ouvir coisas tão lindas que nem será preciso dizer nada. No país dos meus sonhos a integração do homem com a natureza será tanta que eu chego a imaginar uma árvore dizendo a um homem: “Você me tratou tão bem, foi tão legal comigo, que eu gostaria de me transformar na mesa da sua casa, nas cadeiras onde sua família sentará, no berço do seu filho”.

No país dos meus sonhos o homem branco, afinal, vai descobrir que o coração do negro é do tamanho do seu e o sangue da mesma cor. O país dos meus sonhos um dia será verdade. E ele será tão feliz que nem vai precisar de mim para fazer rir um pouco. Não faz mal. Eu perco o emprego, mas não perco o sonho." (Chico Anysio)