domingo, 6 de novembro de 2011

O Palhaço?




Quando soube que Selton Mello estava rodando o longa "O Palhaço", no ano passado ou início desse ano (já não me lembro ao certo) fiquei atenta. Sabia que algo bom viria. Primeiro pelo tema "circo, palhaço brasileiro". Me encanta a magia do palhaço. Segundo pelo Selton. Pela dedicação que ele tem pela profissão. E pelo carinho que ele tem como seu elenco, sabia que o capricho da equipe seria unânime. Foi assim no seu primeiro longa "Feliz Natal". Sabia que não seria diferente nesse. Com a diferença que no primeiro longa, Selton fez um filme escuro, com uma trilha linda (Plínio Profeta), porém amargurada. Contando uma história provável, mas "deprê". Não tão diferente do "O Palhaço", mas diferente.

Deixa eu explicar:

O filme conta a estória de um palhaço triste (Selton), filho de um palhaço (brilhante Paulo José) orgulhoso da arte. Vivem do circo e se apresentam pelo interior do país alegrando cidades e famílias, com uma trupe divertidíssima. A seleção desses atores é algo comparável a Fellini. TODOS estão maravilhosos. Álamo Facó, Cadu Fávero, a divertidíssima Fabiana Karla, Teuda Bara, do Grupo Galpão (aplausos de pé), Ferrugem (Sensacional essa escalação!), Jorge Loredo (Eterno Zé Bonitinho), Moacyr Franco (Deslumbrante delegado corrupto), Tonico Pereira (Ator genial), Emílio Orciolo (Digno de prêmio, esse menino), Eron Cordeiro (Ótimo!)entre outros incríveis atores. Tudo isso em cores lindas e uma fotografia impecável.

A trilha do Plínio Profeta é bárbara. Uma pesquisa linda e emocionante, foi feita. As músicas te levam à sensações extremas. Do choro ao riso. Literalmente. Um deslumbre.

O que me encanta no longa é a forma como foi roteirizado, dirigido, gerado. O filme tem tiradas ótimas, dirigidas com um certo "descaso" (na melhor forma que essa palavra possa significar), que nos aproximam do momento-piada. Eu ria e conseguia visualizar o momento da piada na cena. Pareciam realizadas no set. Entende? Eram momentos leves dentro de uma estória não leve. Assim como é a vida. Ninguém é totalmente feliz, nem totalmente triste. E isso foi passado no filme. Tornando real aquela estória. Poderia ser de qualquer um. Independente da profissão. É a história de qualquer um. Em um momento ela é a minha história.

Mas o que me deixa triste é que o Brasil ainda não se acostumou a valorizar o que é nosso. Infelizmente ainda não. Porque se esse filme fosse Americano, ou até Argentino, estaria no topo das bilheterias. Ainda dá tempo de chegar lá, hein? Fica a dica.

Assista e me conte.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nós, atores brasileiros


Dogma do Merda.

Prezados atores e dramaturgos; prezados profissionais do teatro:

Não vamos mais pedir esmola. Este é um relato de como se encontra o teatro carioca em 2011 e não coloco a culpa no governo, na TV nem nos empresários. A culpa, desconfio e lamento, é do próprio “povo do teatro”. E não estou falando da culpa cristã, essa que promete um Salvador e o caminho dos céus, eu me refiro a sua responsabilidade como artista pelos rumos da sua profissão.

Era uma vez um povo que se acostumou a trabalhar de graça, a viver de favor, a ser submisso. Um povo que foi domesticado a receber sempre com muita gratidão e humildade aquele apoio, o prato de comida na noite de estreia, um desconto camarada durante a temporada. Infelizmente, esse povo que trabalha (e muito!), se acostumou a se nivelar por baixo.

Era uma vez um povo crítico, observador, treinado a perceber cores na realidade que escapam aos olhos da maioria de seus irmãos. Esse povo, com antenas conectadas naquilo que parece imperceptível, e capaz de produzir questionamentos sobre nosso jeito de ser e de se comportar, esse povo então batizado como “artista”, é muito preguiçoso.

Era uma vez um monte de gente jovem, com seus vinte e poucos anos, trinta e poucas primaveras de sonhos, utopias e necessidades de transformar o mundo. Essa é a história de um povo criativo, bastante egocêntrico mas muito criativo, que nasceu inspirado a interpretar nossa existência e mostrar para o restante do “povo comum” que nas entrelinhas da vida existe drama, existe fantasia e que o nosso combustível para viver é o conflito.

Gostaria de contar para vocês a história de um povo apaixonado pelo que faz. Que tem dificuldade em enxergar na própria profissão um trabalho, que sobe no palco pela primeira vez cheio de ideologias e discursos prontos, que se sente ofendido e muitas vezes surpreso quando é pago pelo que faz. Pelo que ele faz muito bem.

É a fábula de um povo muito bacana e gentil que não deixa de prestigiar os amigos. De um povo que lota todos os teatros e que mesmo sabendo das dificuldades em se levantar um espetáculo, criou o “convite amigo”. Para que ele próprio, o “povo do teatro”, não reconheça o valor de seu trabalho. Ou para que não enfrente o pior dos pesadelos: uma plateia vazia.

O povo do teatro quer trabalhar a todo custo. Alega que é movido pela paixão. Trabalha não por compulsão ou doença, mas por uma necessidade política muito fundamental do ser humano: a vontade incontrolável de falar. De compartilhar. De perguntar sem a obrigação de responder. Alguns consideram-se mais especiais que os outros e ao invés da generosidade, disseminam vaidade. Outros, por não se sentirem tão importantes assim, por falta de vaidade, desistem no meio do caminho.

Quantos de vocês não conhecem alguém que ficou para trás? Quantos de nós já não pensamos em desistir? Quantos talentos promissores não foram desperdiçados, quantas possibilidades não foram devastadas pela nossa falta de postura e união? Quantas almas criativas não foram enterradas diante da desesperadora e justa necessidade de chegarmos aos 30, 35 anos com um pouquinho de qualidade de vida?

O povo do teatro é um povo muito covarde. Covarde porque ele aceita qualquer coisa, porque ele se acostumou a produzir com o medo de não fechar as portas, de não perder os contatos, de não “se queimar”. No entanto, infelizmente, os maiores sacrificados são os próprios artistas. Mesmo quando alguns poucos são beneficiados com o sonho do patrocínio, descobre-se que aquela empresa que fez o favor de “dar o dinheiro para bancar o seu sonho” vai depositar a parcela tão batalhada… um mês depois da sua estreia!

Os atores, a ALMA de qualquer espetáculo, e que exceto o público são a única presença verdadeiramente indispensável para que o teatro aconteça, são os últimos a receber. Os dramaturgos, os primeiros a trabalhar sem a menor garantia que um dia verão o seu texto encenado. A culpa não é dos produtores. Inclusive, eles trabalharão oras a fio para inscrever seu projeto na lei, para captar alguma grana por fora, para convencer o empresário que aquilo é bom.

Só que estamos caminhando para o colapso. Quando qualquer classe de trabalhadores se sente agredida e desrespeitada, busca-se uma articulação, algum tipo de união e debate, alguma atitude. Os funcionários fazem greve. Assistimos, em poucas semanas, a greve de funcionários da cultura, a greve de professores, a greve de funcionários dos Correios e agora a greve de bancários

E os artistas, como se defendem? Como esse povo que é apaixonado pelo que faz entrará em greve com o amor? Vocês serão capazes de paralisar essa energia movida pela paixão, tão cafona, tão vítima e tão melodramática, para assumir o verdadeiro papel de heróis? Serão capazes de se transformar ao longo da jornada?

Queremos ser heróis trágicos, vítimas massacradas por escolhas infelizes e por uma batalha desigual com os deuses. Nossa maior desmedida não é o engano; nosso erro trágico é passar por cima e fingir que essas são as regras do jogo. Que é melhor jogar calado do que desistir. Já que para cada um que não trabalha de graça, uma centena trabalhará.

Vou apresentar a vocês o “povo da música”. Dizem que eles só entram no processo quando existe dinheiro. Assim como o “povo da técnica”, aquele responsável por operar o som que embala os atores ou a luz que não os deixará no escuro. O povo da música, quando trabalha de graça, exige no mínimo um instrumento para ser tocado. Os atores não. Eles aceitam ensaiar sem espaço adequado, aceitam ensaiar sem os objetos de cena, os atores aceitam não receber. Os atores aceitam. Aceitarão, no futuro, as indicações de alguns diretores despropositados que não sabem o que estão fazendo. Aceitarão o patrocínio que entra com meses de atraso. Aceitarão qualquer trabalho em qualquer constrangedor programa de TV para que possam pagar as suas contas no final do mês. E fazer o seu teatro, graça a Deus.

Os cenógrafos serão obrigados a fazer um cenário que caiba numa mala, os figurinistas terão que operar milagres em algum brechó da cidade, os iluminadores terão que ser inventivos usando velas, lanternas e um abajour e todo aquele montante do patrocínio vai pagar o banner, a assessoria de imprensa e sua estreia se resumirá a uma estética que impera no teatro carioca: palco vazio e um banquinho de madeira. Como é que um espetáculo que recebe 200 mil estreia assim? O dinheiro é destinado a pagar os profissionais. E pagar mal. O orçamento fica apertado e sobra muito pouco para o projeto em si. Nosso teatro se resume a uma mala, com toda a ironia que a palavra carrega.

Quantos artistas anônimos transbordando de talento, mas cheios de falta de sorte ou sem os devidos contatos, não morrerão sem viver o calor de uma temporada cheia?

Povo do teatro! Não vamos aceitar quietos e sermos pagos três meses depois! Aceitar é um verbo antiteatral por princípio. É um verbo que acaba com o conflito. E o que percebemos, angustiados com o povo do teatro, é que temos aceitado tudo com medo, com receio de não trabalhar mais. Não vamos trocar nosso trabalho por um prato de comida nem por um pedaço de pano. Não vamos nos deixar levar pela promessa de pagar nossas contas de janeiro apenas em abril. Ou então, prezado povo do teatro, vamos assumir que somos apaixonados e medíocres.

Por falta de união e por pura preguiça, nos tornamos invejosos e recalcados com quem trabalha na TV. Nos tornamos uma classe desesperada que perdeu a classe, que perdeu a fineza de se colocar de igual pra igual com um patrocinador.

Quando se é jovem, quando não se é ninguém, é muito bom desfrutar da importância de ser “desimportante”. De não levar os discursos tão à sério e enxergar por trás de um manifesto apaixonado e radical, cheio de inconsequências e desmedidas, um suspiro de sinceridade. E carinho, muito carinho, com esse tal “povo do teatro”. Afinal, se nem todos são do teatro, todos nós somos o povo.

Assumir esse desconforto não é uma maneira de dizer que o teatro faliu. Não é um manifesto pessimista. Não é apologia ao “não vale a pena”. É só a história do único povo do mundo que passa fome para alimentar a alma dos outros. Nunca foi tão emblemático gritar “Merda” antes de cada apresentação, mas no pé que estamos, sugiro que o grito seja dado no final, sempre que a plateia estiver vazia.

O povo do teatro enfrenta seu maior desafio. Já que ele não é pago, ficou refém do elogio.

Dona Heliodora é um personagem de ficção criado por Felipe Barenco e este manisfesto não tem alguma relação verídica com qualquer opinião da célebre crítica Barbara Heliodora. Por favor, não reproduza este texto sem os devidos créditos e esclarecimentos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os Monstros Nossos de Cada Dia

"A semana começou com a noticia da agressão a pai e filho que estavam abraçados, numa feira agropecuária no interior de São Paulo. O motivo? Os agressores pensaram tratar-se de uma casal homosexual e decidiram dar uma lição aos dois.



Não eram homosexuais, mas vamos imaginar que fossem. Como alguém pode imaginar que tem o direito de espancar dois seres humanos apenas porque eles vivem de forma diferente da dele?



Na sexta feira recebi a noticia dos terríveis atentados na Noruega. Desde que conheci aquele país, em 1975, guardo por ele uma relação especial. Fiquei cativado pela sua natureza ainda crua e poderosa, seus vales e fiordes cavados de forma dramática pelas geleiras de outrora, que hoje deram lugar a braços de mar de aspecto deslumbrante. Sinto-me ligado aquele povo, que é ao mesmo tempo sofisticado e simples, ligado à terra, que sempre me recebeu com um misto de hospitalidade e curiosidade – os brasileiros são muito diferentes dos nórdicos. Volto lá sempre que posso e aos amigos digo que é minha “viagem da alma”, onde vou para satisfazer minha necessidade de estar em contato com a natureza pura.



As notícias e imagens dos ataques me abalaram. Pessoas inocentes, a maioria adolescentes, foram executados por um louco que não aceitava ver seu país recebendo imigrantes praticantes de outra religião. Como é possível alguém, da minha própria espécie, chegar ao ponto de achar que é certo executar inocentes, seja lá por que motivo?



No Sábado pela manhã a noticia da morte de Amy Winehouse. O fato em si, embora triste, é uma tragédia anunciada. Infelizmente já vi isso, várias vezes na minha vida. Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Cazuza são alguns dos nomes que me vêm a mente agora. Pessoas incríveis, que nos conquistaram pela sua grande sensibilidade e que, paradoxalmente, foram vitimados por ela. A sensibilidade que abre as portas da percepção e mostra o caminho da criação, pode também atormentar a alma a ponto de levar a insanidade e a auto destruição. Fico triste com o desfecho, mas é algo que aprendi a aceitar, com serenidade e tenho por essas pessoas um enorme apreço, pela arte maravilhosa que produziram e pelas portas que abriram.



O que me desconcertou no episódio da Amy foram os comentários enviados a jornais e sites de notícias. “Já vai tarde”, “Bem feito”, “Quem procura acha”. Não consigo entender como alguém pode desejar isso a uma pessoa que nunca fez mal a ninguém a não ser a si mesma.



Os dois episódios de violência e as mensagens raivosas por causa da morte da Amy, guardam uma característica em comum: revelam a dificuldade que certas pessoas têm de aceitar e lidar com o diferente. É essa dificuldade que faz com que alguém espanque um homosexual ou se incomode com o modo de vida de um artista e deseje a sua morte precoce. É ela que faz um louco matar inocentes.





A multiplicidade de caminhos e convicções que a raça humana consegue produzir é algo fantástico. Essa é a característica mais interessante da nossa espécie. Imaginem se fossemos um daqueles bandos de aves que vemos nos documentários sobre a África, em que cada pássaro voa exatamente da mesma forma, na mesma direção e no mesmo momento que os outros. Que pousa quando todos pousam, come quando todos comem, decola quando todos decolam, enfim vivem todos exatamente da mesma maneira. Não teríamos guerras, conflitos e nenhuma desavença, mas nossa vida seria muito pobre e infeliz. A riqueza da nossa existência está em sermos diferentes uns dos outros.

Nosso desafio é conseguir que essa diversidade conviva em paz.

Semanas como a que terminou parecem nos dizer que estamos falhando nessa missão, mas eu prefiro achar que elas servem para nos alertar, para nos lembrar dos monstros que habitam dentro de nós. Esses tristes eventos nos provam que, a qualquer minuto, a qualquer dia, eles podem acordar. Quando o fazem são muito barulhentos e apavorantes.

No entanto, acredito na nossa capacidade de domar monstros. Basta olhar ao redor e todos os dias vejo pessoas de bem, lutando com dificuldades, sempre com um sorriso nos lábios. Vejo uma geração incrível chegando ao mercado. Garotos que trabalham até tarde da noite, com um brilho de alegria nos olhos. Vejo outros criando empresas e projetos, com dificuldade, mas com muita criatividade e empolgação.



Vejo superação e solidariedade. Esperança e sonhos.



Vejo luta e realização.



Vejo muito amor.



Essa é a vida no planeta Terra. Um desafio a cada minuto. Alegrias e sustos andando lado a lado, onde nos cabe a nobre missão de nunca, mas nunca mesmo, desistir ou nos deixar entregar.

Boa semana a todos."

João Ferrer

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta para Minha Mãe Amada

"Hoje faz 4 anos que dona Ana Sabugosa partiu. 4 anos de vazio, mas 4 anos de crescimento.

De uma hora pra outra me vi sem chão, sem aquela que me fazia ter certeza, mas fui em frente.

Muita coisa do que ela deixou pra nós todos eu fui descobrindo ao longo desses anos, e acredito que seguirei da mesma forma.

Cada dia mais percebo o quanto eu tenho dela e o isso me dá orgulho. Algumas coisas são graças a genética, outras são ensinamentos. Com ela, eu aprendi a cuidar dos amigos, e que com gestos simples a gente pode fazer um bem gigante ao outro. Aprendi também que nada vem fácil, mas desistir jamais.

A dor não passa nunca, isso eu já entendi, mas a presença dela não se apaga, continua forte como sempre foi. A família que construiu permanece cada vez mais unida e cheia de orgulho da marca que ela deixou aqui na terra.

Saudade enorme!"

Lia Sabugosa

terça-feira, 12 de julho de 2011

Escrever, escrever e escrever


Sempre gostei muito de escrever. Uma das minhas matérias prediletas no colégio era Redação. Me lembro até hoje do nome da professora. Sônia. Lembro até das mãos dela escrevendo no quadro. Incrível como a memória seleciona as coisas comuns a nós.

Durante muito anos escrevi nas minhas agendas. Tinha anos de vida confidenciados em agendas e mais agendas. Eram textos que traduziam em palavras as sensações como a do primeiro beijo, minha primeira paixão, minhas brigas com meus irmãos. Minha vida por alguns anos dentro de agendas. Quando me casei acabei me desfazendo delas. Hoje me arrependo. Não por ter me separado, mas por deixar pra trás parte da minha história.

Depois de anos, eu ainda casada, resolvi criar esse Blog. O intuito não me lembro exatamente. Quase não conhecia pessoas com Blogs, mas gostei da idéia de ter um. E acabou dando certo. Tinha um grupo fiel de leitores e aquilo alimentava a minha vontade de escrever. Escrevi textos que até hoje, quando encontro amigos e conhecidos por aí, comentam. Fico muito feliz e orgulhosa. Mas mesmo assim me sinto falha na rotina da escrita.

E foi em um momento de busca pela vontade de rotina na escrita que fiz minha inscrição em um curso de “cenas curtas”. Um curso aonde era possível aprender a escrever esquetes, ou seja, cenas curtas. Nelas o diálogo deveria estar presente. Afinal uma cena precisa, principalmente, de diálogo. A não ser que seja um monólogo.

As aulas são dadas pela grande Julia Spadaccini. Uma jovem talentosíssima que escreve pra teatro, TV e quadrinhos. Tem um humor maravilhoso e um dom absurdo de ensinar. Com ela aprendi a diferença de escrever para teatro e livros. Aprendi também que precisamos ter paciência quando o assunto é escrever. E principalmente que não precisamos ser geniais para escrever, basta ter vontade e disciplina. Isso sim: disciplina! Com a prática estou gostando mais de mim como autora. Já escrevi mais de 10 textos e pretendo escrever uma peça ainda esse ano.

Hoje é um dia muito importante pra mim como autora. Terei minha grande noite de estréia. Minha turma fará uma sessão no Teatro Poeira, aqui no Rio de Janeiro, para lermos alguns textos escritos por nós. Além de ter um texto meu em cena, fui convidada pra ler outros três. Estou bem feliz. Espero que esse seja o passo pra grandes estréias por trás das cortinas, e quem sabe, das telas.

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Amor?"




Acabo de sair do cinema após assistir o novo filme do diretor, e nesse longa também produtor e roteirista, João Jardim. Me tocou muito. Me vi completamente nos personagens. Que, afinal, não são personagens, são depoimentos reais interpretados por atores. Mas reais depoimentos.

São pessoas que viveram “amores” doentios, dependentes, violentos, auto destrutivos.
Me tocou por ter dado forma a um relacionamento que vivi há anos atrás e que até hoje, volta e meia, vem a minha mente.

Vivi um relacionamento completamente doentio e dependente. Um adjetivo não interfere no outro, mas nesse caso, sim.

Passava por uma fase tremendamente delicada da minha vida. Minha mãe vivia em outro continente e eu vivia com meu pai, irmã e irmão, mas cada um em um quarto e andar da casa. Praticamente em mundos paralelos, independentes um do outro. Esse meu namorado vivia à 50km de mim, por isso (também) eu vivia na casa dele. Ou melhor: da mãe dele. Que vivia com marido, mãe, filha, meu namorado, cachorros e hanmster.

Namorei esse cara por um ano. Foi minha segunda paixão da vida. Eu tinha 20 anos, estava com gás total na profissão quando o conheci. Estudava na CAL e trabalhava muito com eventos. Era independente economicamente, ativa sexualmente e tinha uma carreira, que pra ele, era uma grande ameaça. Um prato feito pra um cara ciumento e uma jovem mulher carente de afeto.

Nos conhemos no Club Med, em Angra. Adorava passar os feriados, assim como ele, trabalhando no Mini Club, cuidando, brincando e praticando esportes com as crianças. Além de ser o paraíso para os jovens, pois tínhamos nossa privacidade, nossa grana (uma miséria), não precisávamos gastar em nada por ter tudo que necessitávamos no Club e ainda namorávamos. Romance perfeito. Até que o mundo real nos chamou e o ciúme dele começou a dar seus primeiros sinais de vida. Passei a ficar mais na casa dele, à 50km da minha, saí da CAL, parei de trabalhar e me tornei fraca emocionalmente e economicamente. E quando estamos fracos, qualquer carinho nos faz acreditar que estamos salvos.

Namoramos por um ano. Foi um ano muito duro pra mim. Devia ter mais coisas boas, mas agora só me vem a “segurança por estar de volta a uma família”. Eu vivia a vida da família dele e aquilo já me bastava, já que a minha estava desestruturada e fraca. Eu não enxergava que a minha união com os meus me daria força novamente. Simplesmente não acreditava, não via.

Até que a força veio depois de uma tremenda “porrada”. Com a ajuda do destino, descobri que o meu namorado, então, havia colhido muitos casos e romances durante nosso um ano de namoro. Ali pra mim estava explicado o porquê de tanto ciúmes. Sumi por uma semana, me muni de força e de amor próprio e dei um basta naquela história.

Durante exatos dois anos ele me procurou. Não me deixava em paz. Dizia que se “amava ele teria que perdoar as traições”. Quanto mais ele chorava e pedia perdão, mas crescia a minha força interna e me pedia pra acreditar em mim que tudo iria passar. E passou. Foi duro, mas passou.

Depois dele tive alguns namoros rápidos, alguns duradouros e um “casamento”. Hoje vejo e importância de me amar antes de amar o próximo, senão aquele tal amor fica vazio, sem força e se perde. Mais cedo ou mais tarde.

Mas te confesso que durante muito tempo, depois de já ter conseguido dar um basta naquela “doença”, pensava que nunca iria sentir amor igual àquele. Que nada. Aquilo não se chamava amor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Escrever faz os pensamentos criarem forma.


Faz algum tempo que não escrevo aqui. Digo "aqui", porque tenho uns 5 textos espalhados entre agenda e cadernos de anotações.

Não sei explicar exatamente o que me deixou tão ausente no meu Blog. Mas sei afirmar o que está me trazendo de volta.

Os novos textos mostrarão o motivo da volta.

Aguarde.