terça-feira, 19 de abril de 2011

"Amor?"




Acabo de sair do cinema após assistir o novo filme do diretor, e nesse longa também produtor e roteirista, João Jardim. Me tocou muito. Me vi completamente nos personagens. Que, afinal, não são personagens, são depoimentos reais interpretados por atores. Mas reais depoimentos.

São pessoas que viveram “amores” doentios, dependentes, violentos, auto destrutivos.
Me tocou por ter dado forma a um relacionamento que vivi há anos atrás e que até hoje, volta e meia, vem a minha mente.

Vivi um relacionamento completamente doentio e dependente. Um adjetivo não interfere no outro, mas nesse caso, sim.

Passava por uma fase tremendamente delicada da minha vida. Minha mãe vivia em outro continente e eu vivia com meu pai, irmã e irmão, mas cada um em um quarto e andar da casa. Praticamente em mundos paralelos, independentes um do outro. Esse meu namorado vivia à 50km de mim, por isso (também) eu vivia na casa dele. Ou melhor: da mãe dele. Que vivia com marido, mãe, filha, meu namorado, cachorros e hanmster.

Namorei esse cara por um ano. Foi minha segunda paixão da vida. Eu tinha 20 anos, estava com gás total na profissão quando o conheci. Estudava na CAL e trabalhava muito com eventos. Era independente economicamente, ativa sexualmente e tinha uma carreira, que pra ele, era uma grande ameaça. Um prato feito pra um cara ciumento e uma jovem mulher carente de afeto.

Nos conhemos no Club Med, em Angra. Adorava passar os feriados, assim como ele, trabalhando no Mini Club, cuidando, brincando e praticando esportes com as crianças. Além de ser o paraíso para os jovens, pois tínhamos nossa privacidade, nossa grana (uma miséria), não precisávamos gastar em nada por ter tudo que necessitávamos no Club e ainda namorávamos. Romance perfeito. Até que o mundo real nos chamou e o ciúme dele começou a dar seus primeiros sinais de vida. Passei a ficar mais na casa dele, à 50km da minha, saí da CAL, parei de trabalhar e me tornei fraca emocionalmente e economicamente. E quando estamos fracos, qualquer carinho nos faz acreditar que estamos salvos.

Namoramos por um ano. Foi um ano muito duro pra mim. Devia ter mais coisas boas, mas agora só me vem a “segurança por estar de volta a uma família”. Eu vivia a vida da família dele e aquilo já me bastava, já que a minha estava desestruturada e fraca. Eu não enxergava que a minha união com os meus me daria força novamente. Simplesmente não acreditava, não via.

Até que a força veio depois de uma tremenda “porrada”. Com a ajuda do destino, descobri que o meu namorado, então, havia colhido muitos casos e romances durante nosso um ano de namoro. Ali pra mim estava explicado o porquê de tanto ciúmes. Sumi por uma semana, me muni de força e de amor próprio e dei um basta naquela história.

Durante exatos dois anos ele me procurou. Não me deixava em paz. Dizia que se “amava ele teria que perdoar as traições”. Quanto mais ele chorava e pedia perdão, mas crescia a minha força interna e me pedia pra acreditar em mim que tudo iria passar. E passou. Foi duro, mas passou.

Depois dele tive alguns namoros rápidos, alguns duradouros e um “casamento”. Hoje vejo e importância de me amar antes de amar o próximo, senão aquele tal amor fica vazio, sem força e se perde. Mais cedo ou mais tarde.

Mas te confesso que durante muito tempo, depois de já ter conseguido dar um basta naquela “doença”, pensava que nunca iria sentir amor igual àquele. Que nada. Aquilo não se chamava amor.

3 comentários:

Carolina disse...

Que coisa boa Zuca...é isso mesmo,aquilo não chamava amor.Também vivi um relacionamento doentio e dependente,sabe disso e,hoje tenho absoluta certeza de que aquilo não era amor... "Hoje vejo e importância de me amar antes de amar o próximo, senão aquele tal amor fica vazio, sem força e se perde. Mais cedo ou mais tarde..."

Unknown disse...

Coincidentemente, nos 5 minutos que hoje parei para ver Ana Maria Braga, vi você dando uma entrevista. E, quando isso acontece (vejo você na TV), bate aquela curiosidade de saber como andam as coisas. Dou uma espiada no seu blog. Mas dessa vez, não pude deixar de me manifestar sobre o seu texto. Posso dizer que fui, como você mesma disse, parte da sua “ajuda do destino”.

Inexplicavelmente, criei um carinho por você no momento em que vi suas lágrimas e me coloquei no seu lugar. Foi muito difícil também para mim levantar daquela mesa de almoço com os meus amigos, a 800 km de casa, tratar de um assunto que na minha cabeça já estava encerrado. Mas fico feliz de ter, de alguma forma, ajudado. Mesmo que da forma mais dura. Aquele nosso encontro realmente não pode ter sido mera coincidência. Foi destino.

Que bom que tudo aquilo passou. Que estamos bem. É inevitável não lembrar do acontecido, faz parte da nossa história. Talvez tudo aquilo tenha nos tornado pessoas melhores.

E você tem razão, definitivamente, não era amor.

Cuide-se!

Um beijo,

Thaís.

Julia Sabugosa disse...

Cagoll! Não estamos sozinhas.. infelizmente relacionamentos doentios e frágeis estão muito em alta na nossa geração e fase da vida. Mas é acreditando que tudo ficará bem que as coisas se transformam. Incrível como é!

Thaís! Que surpresa ótima! Já não entrava no meu Blog há muito tempo e fiquei muito feliz em saber que "me lê" de vez enquando. Muito feliz! E fico mais feliz ainda por compartilhar com você essa minha história, que não é só minha. Sabemos que não. Você foi determinante naquela história. Agradeço demais seu empenho em me ajudar naquele momento. Obrigada, de coração!

Fico contente demais em saber que está bem! Mande notícias!

Muitos beijos