quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apagão?

Viver um apagão numa cidade em guerra dá medo, mas viver um apagão dentro de um teatro com Naná Vasconcelos improvisando para aguardar o retorno da luz, é SENSACIONAL!

O palco apagou e Naná continuou por mais 40 min tocando seus instrumentos que só ele tem e regendo o público com sons e palmas. Foi um show à parte aonde cada umas das 700 pessoas presentes devem se sentir privilegiadas por fazer parte. Assim me sinto.
Vivi isso na noite de terça. Noite em que a usina de Itaipú apagou a luz de 18 estados do Brasil e ainda, Uruguai e Paraguai. Pra você ver a potência dessa “descarga elétrica” que a usina recebeu... Será que foi mesmo uma “descarga elétrica”? Até aonde podemos nos sentir seguros com nossos administradores? Será que o problema foi mais grave, mas com uma leve “maquiada” o povo não questiona e fica tudo como estava? Não sei e nem quero saber.

Honestamente, queria ser um pouco mais jovem pra não ter visto tantas coisas cruéis acontecendo sem punição, assim acreditaria em tudo que me dizem, inclusive em Papai Noel. Ainda pediria de Natal um novo país, do jeitinho que todo brasileiro honesto sonha: com nossos impostos pagos para pessoas que os use de forma correta, a favor do contribuinte e onde as pessoas vivam com paz e tranqüilidade. Só quero sossego. Tim já dizia.

O bom do apagão (sem contar com Naná fenômeno), foi o valor enorme que demos aos nossos radinhos à pilha que só não estavam em um lixo qualquer por preguiça ou esquecimento. Eles nos mantiveram em contato com o mundo. Voltamos anos luz, nessa noite. Nos unimos em volta de mesas e conversamos. Fomos obrigados a trocar, a ouvir. Era impossível dormir pelo calor excessivo. Então a solução viável foi a conversa entre amigos, o violão sempre bem vindo, a cachacinha, já que geladeira não gelava mais a cerveja. Foi uma noite especial, que se tornou mais ainda quando as luzes do Cristo Redentor se acenderam novamente e pude me sentir segura pelos seus braços abertos. Será?

5 comentários:

Carolina disse...

Demais esse texto amigona!Hoje vim para o trabalho pelas Paineiras,que espetáculo de cores logo de manhã,uns raios de sol escapando entre os galhos,céu azul e,de repente estava ele lá...de braços abertos...cuidando da sua cidade!!!Naquele momento me senti privilegiada e protegida por ele!Bjão!

Antonio Sabugosa disse...

Querida Júlia! Às vezes desejo que falte a luz (é assim q se diz cá em Portugal quando há um apagão). É que é a única maneira de nos trazer de volta a paz de um tempo que não volta mais. Sem TV, sem computador, sem toda a parafernália electrica que nos entretem e nos consome o tempo e sobretudo nos torna menos humanos! E se não há energia electrica ganhamos um tesouro fantástico... poder olhar o céu, mesmo que seja na maior cidade do mundo, e poder enxergar as estrelas!!!! É um tesouro que só o menino do campo pode ter e que o menino da cidade só tem... no momento do apagão!
O apagão dá a nossa vida o encanto de um concerto acústico, sem electrónica, sem sintetizadores... é a vida tocada pelas cordas do violão!... que até rima com apagão...
Beijo:)

Breves disse...

Buh !!!

;-)

Flavitcha disse...

Ai, Zuzu, queria estar lá!!!

Unknown disse...

BLECAUTE


Na falta de luz,
primeiro se ergue um silêncio
de raiva e desapontamento.
E no silêncio as vozes reclamam, não
da escuridão,
mas do desaparecimento dos fantasmas nos vídeos,
das vozes nos rádios,
da paralisia nas hélices dos ventiladores,
do degelo nos freezers.

Na treva,
erguem-se as sombras maciças das árvores
recortadas contra o quadrado das casas.
Ouve-se nítido o latido dos cães para outros cães,
as vozes das crianças, os assobios dos adolescentes,
uma gargalhada nervosa.
Há treva persiste, mas
o silêncio nem sequer durou; odeia-se
ficar calado, entregue ao próprio pensamento,
preso à evidência de que não se enxerga muito além do nariz;
odeia-se
ouvir a voz interior da treva.
Se olhar para cima, o céu é mais vasto,
as estrelam velam
e, a oeste, esperneiam pálidos relâmpagos,
raízes brancas.

Fico sentada no escuro, a pensar
nos tempos passados como uma espessa noite,
mas, nesse exato instante, a luz




volta.