quinta-feira, 20 de março de 2008

Sou uma mulher multifacetada



Desde pequena sabia que arte seria meu futuro. No início pensei que fosse arte nas telas, não as de TV, as pintadas com tinta. Adorava. Minha mãe sempre me incentivava, acho que por ela ter esse dom também e não ter seguido esse caminho.

Até que um dia fui ao teatro assistir a peça “Uma Relação tão Delicada”, com a fenomenal Regina Braga e a esplendorosa Irene Ravache. Eu devia ter uns 13 anos. Fiquei tão tocada com aquelas mulheres se transformando naqueles personagens tão complexos, que decidi: “É isso que quero fazer”. Ali tive certeza que havia achado a
minha verdadeira arte. Nunca mais me esqueci quando entrei no camarim e vi a Ravache de perto. Acho que apenas Buarque, o Chico e Ravache me deixam assim, boba, sem reação.

Descoberta a profissão que iria seguir, fui à luta. Por dois anos penei pra entrar no Tablado, a escola primeira de todo ator que realmente quer fazer arte. E claro, que viva no Rio. Lá convivi com Maria Clara Machado. Que pessoa...nossa! Uma verdadeira dama. Infelizmente na minha época ela só dava aula pra terceira idade, mas só de esbarrar com ela pelos corredores do Tablado, já me deixava realizada. Lá tive aula com a incrível Isabela Secchin e seu fiel escudeiro, Luis Otávio. Foram dois anos de muito aprendizado, principalmente de vida, coisa que Isabela sempre frizava: “Se querem TV não é aqui o caminho. Aqui é pra aprender TEATRO!”. Com aquela personalidade toda ela conseguia ensinar, nem que fosse na marra. Adorava!

Como queria ter uma formação completa, não poderia ficar no Tablado a vida toda, por mais que lá seja realmente uma excelente escola, mas precisa aprender mais. Tinha fome de saber mais. Foi aí que entrou a CAL ( Casa das Artes de Laranjeiras) na minha vida. Essa deixou marcas. Além de grandes e eternos amigos. Lá aprendi a usar meu corpo, minha voz, a cantar, a história do teatro. Até coisas que não se devem ensinar aprendi lá, como fumar e beber. Não deviam ensinar essas coisas. Deixo claro que não foi a escola que me ensinou, e sim seus alunos, que amo, mas como todo mundo tem seus defeitos, esses eram os deles. Fiquem tranqüilos que larguei mão, não de beber, mas aprendi a moderar na dose. Nada como a sobriedade para se seguir em frente.

Devem estar se perguntado: “Trabalhar que é bom, nada, né?”. Que nada! Trabalho desde meus 18 anos. Fiz muita, mas muita recepção em eventos, aquela profissão que tem que sorrir mesmo sem achar graça, aliás, aquilo foi um laboratório sem fim pra mim, porque mesmo achando um tédio mortal muitas vezes, eu tinha que manter a pose e sorrir. Fiz muita produção de evento, esse eu gostava, aliás gosto. Tenho o dom de produção, de ser pro-ativa e tal, por isso que peguei a RODA GIGANTE pra colocar de pé; mas isso é outra história que pode ser lida no texto "Cheguei a pensar em desistir". Fiz muitas coisas pra ganhar dinheiro e pagar meus cursos e minhas contas, como G.O do Club Med com as crianças do mini club, uma espécie de arte também, porque cuidar de dezenas de crianças de nacionalidades distintas, só pra artistas; fiz pesquisa pelo telefone com minhas amigas, a gente se encontrava nos finais de semana pós praia e faturávamos uma boa grana; fiz bijuteria; assistência de produção em dois escritórios de produção de eventos; fiz (ainda faço) comercias como atriz, essa parte eu amava, amo, claro.. Isso tudo ao mesmo tempo agora! Era uma vida doida, dura, mas me divertia muito.

Depois de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo eu fugi. Fugi pra perto da minha mãe e meu gêmeo que estavam em Portugal. Que delícia! Fui pra passar dois meses acabei ficando seis. Como vivi! Conheci pessoas maravilhosas, viajei pela Europa como apresentadora de um documentário sobre músicos pernambucanos pela Europa, como Lula Queiroga, Spok Frevo Orquestra, minha irmã, Lia Sabugosa, cantando com André Rio, e meu irmão filmando e me dirigindo. Viagem inesquecível. Foi o grande teste meu como apresentadora. Foi um desastre. Claro! Não tinha a menor experiência e ainda era pra valer, com grana rolando e tudo. Fiquei numa tensão que nem parecia a mesma apresentadora que sou hoje. O que me deixa tranqüila é que a venda do documentário não foi pra frente, então só eu tenho a fita beta. Escapei do youtube!

Assim que voltei pra vida real senti falta do teatro. Então logo me inscrevi na UniverCidade, no curso de formação de atores. O que foi ótimo, pois já estava mais madura e focada nas aulas. Aprendi muito também. Além de ter feito muitos amigos.

Já formada e trabalhando, ou melhor, tentando trabalhar, pois arte tem disso, é difícil trabalhar que nem te conto. Eis que surge o teste para o longa do Euclydes Marinho, “Mulheres, Sexo, Verdades e Mentiras”. Passei. Foi uma pequena participação, mas fiquei tão realizada, afinal cinema é um sonho de criança pra mim. Amo demais. Logo depois surgiu o teste para novela Bang Bang, até então a novela do meu querido Mário Prata, hoje meu amigo. O diretor adorou o teste. Fiquei quicando em casa a espera do telefonema decisivo. Quatro meses depois...toca o telefone: “Julia, vem aqui no projac pro Waddington te ver”. Que alegria. Logo que cheguei, o meu futuro irmão, Bruno Garcia, me recebeu muito bem e fez questão de entrar comigo no estúdio para o Waddington me ver. Ali senti que tudo daria certo, afinal até meu “irmão” tinha me aprovado. Carmencita entrou na minha vida naquele momento. Uma personagem difícil, mas que me realizou demais.

Pós Bang Bang me deu um certo desespero.” E agora? O que tenho que fazer?”. Juntei todo meu material da novela, selecionei quatro cenas e um monólogo que já tinha gravado há um tempo antes e distribuí pelas emissoras e produtoras pelo Brasil todo. Até que rendeu uns bons trabalhos e claro, umas furadas. Gravei alguns comercias, fiz alguns testes, mas nada concreto. Então foquei em duas áreas que amo muito: Teatro, com a peça do meu irmão, a RODA GIGANTE, e as reportagens, que amo fazer e faço desde 2004, com coberturas em eventos sociais e culturais. Aliás, isso já me dá pano pra manga para mais um texto.

5 comentários:

Anônimo disse...

Puxa, puxa, puxa! Menina mais que multifacetada é multiexemplar!
Faltou colocar que o bom-humor nunca lhe faltou, ou então, conseguiu demonstrá-lo mesmo quando não o tinha por perto.
Tenho orgulho de vc, tenho orgulho da sua garra e determinação... enfim, tenho orgulho por vc, mesmo com todas as dificuldades encontradas em sua jornada, nunca desistir. E mais, por vc escancarar essa força de vontade pra todos, independente do que digam ou pensem!

Estarei deste lado da tela torcendo por vc, sempre!

Beijos!!!

Anônimo disse...

Ah! E tbm tenho orgulho de ser sua amiga! MUITO orgulho, tá?! ;)

Mariana Pereira disse...

Eita mulher batalhadora essa. Eu sempre soube que esse talento todo vinha de muito pequena. Lembro de quando você me contou da história de quando você decidiu ser atriz.
Esses dias eu li aquele monólogo que eu fiz pra você.

Mas não posso negar que dei um pulo na cadeira quando vi que o seu "irmão" entrou contigo no estúdio. Fala sério, Bruno Garcia é tudo, né? Como eu adoro esse cara! E sem conhecer. Só de olhar, já dá pra se apaixonar por ele.

Grande Julinha... que tem uma grande estrela e com um brilho muuuito grande.

Te adoro e tenho muuuito orgulho de você, moça.

Beijos

Carolina disse...

Eitaaaa...resolvi abrir seu BLOG pra dar uma "fuxicada" hoje e, pra variar,me surpreendi.Adorei o que escreveu...você realmente é uma mulher INCRÍVEL,acho que "multifacetada" é pouco para você,não cabe no seu espaço e na sua enorme energia...você realmente é uma luz e um ser humano muito especial,que orgulho de ter você na minha vida,fazendo parte da minha história e imagino que todos os seus amigos devam ter essa mesma sensação...ter alguém tão especial por perto como você é maravilhoso!Muitos beijos e PARABÉNS!!

Hada Luz disse...

Nossa!! É exatamente isso, luta, garra e muita vontade... E os frutos já estão sendo recolhidos! Parabens, te admiro como artista e como pessoa que esta sempre com um sorriso sincero.atreyu84